sábado, 3 de dezembro de 2016

Ê...Vamos, Vamos, Chapê!

Então, cantava o poeta Belchior:
“se você vier me perguntar por onde andei”...
Talvez dissesse: “não sei; mas, hoje, em Chapecó”.
Sim, estávamos, agora, todos na Arena
e o céu, também, chorando a cena da “coreografia” da 
Guarda de Lanceiros das Forças A®madas do Exército Brasileiro,
depois de transportados por duas aeronaves C-130, da FAB,
em sincronia, como um realejo;
carretas abertas, com urnas cerradas em cortejo.
Sim, não mais, doze; agora, são catorze os Trabalhos de Hércules
 e à mitologia grega, agrega-se a dura realidade do pranto de dor,
para encontrarmos a paz, enterrarmos os nossos mortos
 e cantarmos a uma só voz: “o campeão voltou, o campeão voltou”...
Então, eu falaria do Ananias Elói, maranhense, que começou no Bahia,
rodou por outros ares, chegou ao Sport;
até ter o norte de ir pra Santa Catarina.
Mas, o gol de empate do herói, no 1° jogo, quis o destino,
levou a vantagem da decisão pra Arena Condá,
contra o time do Papa, o argentino;
que, há pouco, abençoara o cubano assassino.
Aliás, na homenagem no Atanasio Girardot,
também falou o Sinistro do Exterior, o socialista fabiano;
vindo, há pouco, da ilha de Havana;
onde elogiara o sanguinário ditador.
Mas, apesar da maldita ligação,
não há como negar a emoção na fala;
as belas e eloquentes palavras do “Vampiro”,
codinome quando revolucionário;
ainda mais, quando o palestrino citou
as cores verde, da esperança e branco da paz,
que reúnem os times, nunca mais adversários.
E como não vislumbrar a imagem da locutora,
retângulo áureo de beleza loura estonteante;
choro contido, lágrimas represadas e falar cativante.
Enfim, Santo Padre, o mau destino não pôde ser evitado;
pois, não houve fada, nem varinha de condão;
assim, um mero zero a zero, no jogo da volta,
levou o belo time à final; que legal, que triste, fatal!
Claro, Miltão, não sejamos hipócritas;
como, de fato, são os canalhas do Catraca (Deus me) Livre,
malditos e venais esquerdoPaTas; você, não!
Assim, comentarista, real e invariavelmente, bairrista, parcial e chato,
só não mais que o Araque Neto 0,10;
eu, você e muitos pensamos na grande defesa,
nos últimos momentos, do goleiro, o Paredão;
o filho da Dona Ilaídes, ídolos, ele e a mãe; 
agora, também do Guido e de uma gigantesca nação.
Claro, santista, existe a forma e o conteúdo;
contudo, na sua retórica, tudo que você falou é verdade
e em parte, repito: “se o Danilo não tivesse feito aquele milagre”...
No reflexo, tirado a bola com o pé direito,
não aconteceria o pior; não haveria nexo, será?
Exatamente, como você externou no TT e eu também;
mas, “eu sou apenas um navegador latinoamericano”...
Mas, foi ele, o arqueiro ou o índio nativo que evitou a derrota?
Sim, dos sete sobreviventes,
o único que não resistiu aos ferimentos,
vindo a falecer, doze horas depois, foi o goleiro;
como se morresse duas vezes
e pra família; maior sofrimento.
Mas, antes que a cruz, o fardo, lhe fizesse mal, não jus;
posto que seria irreal; há outros “Ses” envoltos...
Assim, o piloto e sócio da La Mia,
este, sim, o “Porquê”; não, o “Se”,
o motivador da trágica ocorrência;
pois, a arrogância do Comandante
na presunção de autonomia;
talvez, por soberba, excesso de confiança
ou ainda, necessidade de economia,
de não falimento da companhia;
então, causou o que não devia, a pane seca.
Sim, na queda, não houve explosão;
assim, foram seis os “escolhidos”,
não estavam nesse resgate coletivo,
segundo o espiritismo;
pois, não era chegada a hora.
Alan, lateral e primeiro "salvado";
Follmann, goleiro, teve amputada a perna direita
e o zagueiro Neto, com múltiplas fraturas;
ainda, dois dos nove tripulantes, bolivianos, Erwin e Ximena
e um dos vinte e um jornalistas, Rafael Henzel;
todos com sequelas e uma 2ª vida.
Mas, de novo o condicional;
sim, se o Cerro Porteño, na outra semifinal,
tivesse ganho do Nacional...
Em contra-partida, o povo antioqueño, de Medellín,
não mostraria ao mundo inteiro,
a solidariedade, a grande generosidade do povo colombiano.
Mas, no Brasil, no limiar da dor,
um chileno(?) ma(IA)quiavel(HACO),
prepara a tocaia no Congresso; ao povo, um desfavor.
Enquanto o outro Maia, alagoano, também começou na Bahia;
mas, no Vitória, Arthur Brasilino, cedo, fez história de sucesso
e com um gol, já pelo América de Natal,
que girou o mundo, de “Maiadona”, quase igual.
Então, passou pelo meu Flamengo, não teve tanto brilho,
apesar do talento precoce e foi pra Chape,
suprir a vaga deixada pelo Camilo, que foi pro Botafogo.
Se não tivesse ido, o que teria acontecido?
Tudo igual ou nada parecido?
Brilhante Atlético, nos enche de emoção
ver um time colombiano conquistar a América,
deixar no pretérito, mais que perfeito e então, transferir o mérito,
o presente para o clube catarinense,
o Verdão do Oeste, a Chapecoense;
espero, com aval do Conmebol.
Como vemos, é muito mais que isso, o futebol.
E o Canela, que veio do outro Botafogo,
de Ribeirão Preto, iria jogar; agora, não mais;
pois, deixou para trás, irmã e pais, “órfãos”, seus fãs.
O que falar, então, do conterrâneo Cléber Santana,
o craque que começou no Leão da Ilha,
time do coração dos meus filho e filha;
que ironia a um pai flamenguista;
não nato; mas, criado no Rio,
antes de ver GodZico, no velho Maraca!
Mas, o nativo de Abreu e Lima girou o mundo,
jogou na Espanha e no Japão, também, pelo Mengão;
não sei, com tanto talento, não foi à seleção!?
E o Dener Braz, dispensado no Grêmio,
continuou pelo Sul, até chegar à Condá, como prêmio;
pois, haveria, mais ainda, de brilhar.
Agora, na lateral esquerda, no time do céu,
vai alçar bolas na área pro Bruno Rangel cabecear;
sim, o atacante e maior goleador,
natural de Campos dos Goytacazes;
cidade que, certamente, não se orgulha
de um canalha ex-governador,
“pivetinho”, “dimenor”, ladrão contumaz;
quanto mais, melhor!
Mas, se ainda estivesse no Joinville;
este, não teria, há pouco, caído de Série, nem o artilheiro;
o avião, não sei, nem quero saber do paradeiro.
Quem, também, não mais cabeceia
é o Éverton Kempes, pernambucano de Carpina
e nome de goleador de Copa do Mundo.
Sim, os pais não devem enterrar os filhos;
mas, no dia do aniversário do Seu Osmar,
a morte do Filipe Machado, que foi ídolo no Macaé;
agora, na Chapé; aliás, para sempre.
Casado com Aline, mãe de Antonella,
buscou os Emirados, pensando nelas
e voltou pra colher os louros.
Revelado no Colorado, será velado no rival tricolor
e apesar do “esquecimento” de um,
difícil crer no desprendimento do outro; 
pois, a rivalidade local supera os limites da (ar)razoabilidade.
Se tivesse ficado lá por mais um ano...
E o Matheus, o caçula dos Biteco,
oriundo do Imortal, triste ironia, também se foi,
pra desespero do irmão Guilherme.
Sim, na companhia do Lucas, o atacante;
do Gil, o volante potiguar;
do William Thiego de Jesus,
que carrega, no nome, o próximo lar
e do Tiaguinho, que, assim, não mais verá o filho nascer;
depois de saber e chorar com o presente divino.
E o que falar do Gimenez, 
o “menino” que saiu de cena, sem felicitar a mãe 
e do Sérgio Manoel, o volante que acabara de chegar;
antes, não tivesse vindo...
Mateus Lucena, o Caramelo, sem espaço no São Paulo
e o Marcelo, que também jogou no rubro-negro carioca,
partiram com o Josimar, ex-palmeirense.
O mundo inteiro se rende a homenagear,
os clubes se unem pra ajudar;
Riquelme, o craque hermano, por seis meses,
de graça, se dispôs a jogar;
então, Vanderlei, mediano jogador;
hoje, bom de Poker e excelente treinador,
por que você não se coloca à disposição pra treinar?
Já tem “estrangeiro” se oferecendo!
Mas, com o Ronaldinho não dá!?
Pense no Bragantino, onde sua estrela começou a brilhar
e pague pra ver, pode apostar sem blefe,
sugira o staff e faça o que mais você sabe fazer, liderar.
Assim, você revalida a sua desgastada imagem;
altruísmo não coaduna com egoísmo,
preenche a lacuna e homenageia o Caio Júnior,
jovem, competente e “paizão”;
aquele, bela lição, deixou aos filhos,
os de sangue e os de labor.
O que dizer do Matheus, um dos seus,
que esqueceu o passaporte
e não teve a má sorte nesse desencontro;
pois, não acompanhou a comissão técnica,
os dirigentes e demais convidados da ACF.
Ei, Vitu Chermont, agora é Sala de Imprensa
no Ninho do Urubu, nosso de cada dia;
então, vai comentar o Fla-Flu, com o PJ Clement;
mas, não há outro que Deva narrar melhor que o Pascovicci,
“toca a música do Fox Sports”,
nem analisar como o grande Vesgo,
ex-jogador, ex-treinador, sempre craque, Mário Sérgio,
contestador, cria do Fla e unanimidade no Grenal;
que, agora, deve estar se corroendo
com outra indignidade, a primeira, do Internacional;
cujo maior dirigente fala em tragédia pessoal
cita o adiamento, (in)justo, da rodada
e prepara a sua cilada no Tapetão.
Se valer a justiça divina, há de jogar a 2ª Divisão;
pois, já é um rebaixado moral.
Certamente, a hinchada colorada não pensa igual;
prefere a “morte” digna, que a vitória ilegal.
Demais periodistas não citados;
mas, para sempre lembrados
por quem os amava e convivia;
todos envolvidos nessa torrente de emoções,
familiares enlutados, amigos “destruídos”,
minha singela homenagem,
cuja inspiração não queria
associada às imagens, nem saber das reportagens;
apenas, passar a mensagem
de força, fé e coragem para seguir em frente.
Doravante, minutos de silêncio eclodem
e ecoam em nossos corpos, corações e mentes;
essa energia há de reverter-se num urro uníssono:
“Ê...Vamos, Vamos, Chapê!”

SRN,